De facto, um estudo com pequeno número de doentes que comparou o tratamento com INFα convencional durante um e 2 anos, não mostrou vantagem no segundo grupo de doentes4. No entanto, o estudo de Gunsar et al. mostrou uma taxa de RVS de 20% em doentes tratados durante 2 anos2. Apesar de não existirem estudos randomizados e controlados que permitam responder a esta questão, relatos de casos clínicos
parecem favorecer a manutenção do tratamento, desde que se observe evolução bioquímica favorável e boa tolerância do doente, mantendo-se até negativação do ARN-VHD e perda do AgHBs2 and 3. Inclusive há uma descrição de um caso de resposta virológica, ao fim de 12 anos de tratamento com INFα, com negativação do AgHBs
e reversão da fibrose no final do tratamento11. MEK activity Ibrutinib datasheet Em consonância com o que foi atrás referido, optámos pela utilização de PEG-IFNα-2a no doente apresentado. A terapêutica foi mantida por 102 semanas, tendo em conta que houve muito boa tolerância e aderência ao tratamento por parte do doente e que, desde o início, se observou descida progressiva das aminotransférases com normalização à 33.a semana. No entanto, apesar da resposta bioquímica favorável, não se assistiu a resposta virológica, pelo que se prolongou o tratamento, tendo-se assistido ao desaparecimento da IgM anti-VHD à 88.a semana, negativação do ARN-VHD à 98.a semana e perda do AgHBs no final do 3.° mês de seguimento, após término do tratamento. Estes dados persistiam no 6.° mês de seguimento. Nos doentes em que se verifica perda do AgHBs, não há replicação do VHD, podendo ser este um dado importante para second suspender a terapêutica12. Neste caso, é então possível afirmar à luz dos conhecimentos atuais que assistimos a um duplo sucesso terapêutico, devendo ser este o objetivo do tratamento
nos doentes com co-infecção VHB-VHD. Cautelosamente, este doente tem programada uma avaliação clínico-laboratorial com periodicidade semestral com o intuito de apreciar a sustentabilidade da resposta virológica, bem como para o reconhecimento de eventual passagem à positividade do AcHBs (seroconversão), expressão do controlo imunológico da infecção VHB e evento mais próximo da definição de cura. Para melhor orientação da duração da terapêutica são necessários mais estudos que demonstrem os fatores preditivos de resposta ao tratamento, parecendo que a determinação da carga viral-VHD e a quantificação do AgHBs durante a terapêutica, são 2 fatores importantes que permitirão fundamentar esta decisão13. Este caso ilustra a importância do tratamento prolongado nos doentes com infecção VHD até resposta virológica mantida, particularmente se ocorrer resposta bioquímica e na ausência de efeitos secundários graves.